segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Encontros literários - V

aLiceeeee encolheu, com(eu) um pequeno cogumelo
mas clEdo engan(a), se você acha que menor ela estava
aLice não era mais ela
aLice dobrou em si mesma
CaLmar
dilha
aLice
murava
e sumia
de tua vista
nas entrelinhas se via
aLice devorada
pela definição O
aLice
nega duplamente o eu do liceu
a->lic-(eu)
aLic
que diante do espelho
ohlepse od etnaid euq
tua origem mostra
artsom megiro aut
gato
Avesso de teu sorrisosirros uet ed ossevA
ciLa aLic
se fazaf es
e em sua determinação femininaninimef oãçanimreted aus me e
aLiceciLa
que se fez aLiciLa zef es euq
daad
ciLada

Encontros literários - IV

, não li Clarice, não li Manoel de Barros, nem aquele que escreveu Macunaíma
mas o que o fazem de tão especial? escrevem?
sei que brincam
seriedade? Não com as palavras
quem sabe no trato dos filhos
ou no trato de suas mulheres
exceto Clarice?
ão?
de um não
ou de um vão?
Clarice é mulher que cuida bem de suas mulheres,
diversas Clarices, nenhuma escondida em sua intimidade

Clarice é pele
quem diz que é viscera, não sabe o que é Clarice
e Clarice é tão assim, que escrevo sem ler um verso
Que poucos são como Clarice
assim, tão desviantes
e por tal,
tão próximos

Encontros literários - III

Após muita paz enclausurada
eis aqui a guerra que foi silenciada
há tempos pedia uma finura qualquer
e agora arromba as janelas do tempo
não,
não.
NÃO!
Vós que aqui não esperais
vós que buscais um pedaço de paz
e no desalento se faz soçobrar
palavras em fuga
e paz, não?
Guerra de mutantes?
As mutações fazem da palavra, pele
da pele, carvão
queima, energia pura
ingênua sua sujidade

Encontros literários - II

Estranhos chamar estes encontros de literários se não consagro a literatura,
alias, de literato nada tenho
mas também, quem fez do encontro um tratado?
Tratado de espectros, que excluem nada menos que os vivos
ou vai dizer que Tordesilhas foi assinado não só pelos índios,
como os mares, os animais e as florestas?
ou vai dizer a Paz só precisa de um papel assinado,
e que ninguém é assassinado neste acordo?
Não sou muito fã de tratados, apesar de uma vez ter escrito um, ou alguns.
Estou na vibe dos manifestos
porque estar na onda é muito surfistinha, muito década de 80
Quem assina o manifesto? Ninguém
É grito, é exclamação! Um que se insurge ao Uno
mas cuidado com os gritos chorosos
por medo, agregam
una nova comunidade das lamentações
Já temos um parede das lamentações no mundo!
Livre-nos de uma comunidade dedicada a isto!
Aos manifestos
que assim surgem e somem
uma vida
sempre busca ser vivida

Encontros literários - I

quando o escritor é tomado por sua humanidade ele já não é mais digno de um escritor
por seus valores mais românticos, se torna poeta de jornal, e não da alma
por sua ganância, um instrumento de captura, e não de liberação
O humano que escreve por si diz falar do mundo,
mas tudo que fala é a parte mais miserável de sua vida
Escritor é aquele que não se faz humano, ou mesmo animal
não é alguma coisa, participa apenas
apenas espantoso, que encobre(!?), não
apenas de um fluxo, novos cosmos, novas galáxias
criadas ao dobrar da esquinas
e ainda perguntam, ingenuamente, o que pode um encontro?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

o dialogo nao é a unica forma de comunicação

onde passam as palavras a negação é renegada

o dogma do afirma impera

tudo vira e, e, e

num autoritarismo que não permite excluir

num pensamento que exclui a própria exclusão

onde fica a alteridade?

sábado, 14 de agosto de 2010

Perfume

Queria captar cheiros no papel, odores eletrônicos
palavras que não mais gramaticais
palavra das mais diversas afetações

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O que se põe à caça?

Caça-se ao longo do campo
Caça-se fora de plano
A caça é duplo movimento, deslocamento e captura
e desse casamento, a ruptura!
Eis aqui um caçador bem especial,
não se caça troféus ou ornamentos
nem ao menos tesouros perdidos
e também não são bisões seu foco.
Sua mira, onde?
Sua mira, ingrata!
É em seu foco precisamente que tua caça desvira
movimento capturado não mais o é .
Tua caça? A vida,
jamais produtos da morte.
Carnes, unhas, fiapos,
este caçador não se põe à uma fábrica de defuntos,
passa ao largo de uma mercadologia funerária!
Mas sua caça é ingrata,
põe-se a capturar justamente aquilo que quer ver florescer
e olhar muito mata.
Jamais contempla sua caça,
esse réquiem do olhar canta as vidas que não mais,
e inocula as que vão
seu trabalho é vivificar a caça,
e para isso, afastar-se da mesma.
Por isso o trabalho do biógrafo é, a princípio, ingrato
suas caças mais certeiras são precisamente as mais curtas
e jamais se é indiferente com sua caça,
pois a liberdade da indiferença é o grau mais baixo de liberdade