sexta-feira, 9 de março de 2012

Pequenas estrelas

Como aprender senão por um lento e vagaroso movimento? O que nos torna sensíveis aos signos do aprendizado? A impronunciável paixão, a inexorável ambição? São os afetos que provocam o sensível, que não deixam de convocar esta pele a uma nova minúcia, a um outro pequeno dobrado em sua superfície. Dobras, aprender jamais foi aprimorar, acumular conhecimento, dobras. Aprender, que seria de sua ordem senão aquilo que nos dobra em outras direções, e ao estar em outras direções, é nosso pensamento que passa a vaguear por brumas, abismos, névoas, céus. Mesmo as estrelas são a dobra de um aprendizado. E ao movimento das estrelas acompanha nossa pele... afinal, ela é tecida de cosmos. São estrelas, em especial as que dançam, que nos provocam a orbitar, e a sair desta orbita por outras paisagens. Mesmo as antigas retornam a nossa pele, dobras. É de estrelas que somos feitos, explosões e intensas formigações, refrações e silenciamentos. É, as estrelas piscam, e o piscar grita.. aquilo que já havia lugar em nós pisca, e sai aos poucos de nossa órbita, e como que por força de gravidade, nos desorganiza em pedaços, pequenos asteróides que cansaram de ser planetas. O piscar é um convite, dizem. Um convite a habitá-lo, a habitar o piscar, a habitar a estrela que dança e pisca. Um convite a habitar o vagaroso ensinamento das dobras e das desórbitas.