segunda-feira, 20 de julho de 2009

Cyberderme- o sensível e a experimentação do mundo cibernético

A casa está em reforma, e meu quarto estaria sombrio se não fosse a luz digitalizada desse notebook. O mundo lá fora está frio, e o cobertor daqui de casa está tão aconchegante, vou ficar mesmo é no conforto!

Há um tempo atrás falei de corpo, e acho q vou continuar a falar de corpo. É um assunto tão interessante! Corpo-cristão, corpo-máquina, corpo-ecologia, corpo-indivíduo, corpo-social, corpo-mundo! Olhe que bonito: nós é que decidimos a extensão de nossos corpos, nós podemos decidir, em parte, onde a experiência de nosso sensível se faz.
Podemos ter um corpo estritamente biológico, um corpo fechado em si e o sentido é apenas aquilo que desencadeia uma descarga neuronal dos gânglios sensoriais aos lobos cerebrais, podemos ter esse corpo de orgãos, vasos e sistemas.
Podemos ter um corpo estritamente social, um corpo fechado não em suas estimulações mais materializadas, um corpo que pode estar cego para sua biologia, porém possui tamanha sensibilidade para questões da grupalidade, da política e do coletivo. Um corpo de rede, mas não necessariamente um corpo em rede, pois seu sensível faz ele aderir completamente à rede, mas não diferencia dela. Extrema sensibilidade e extrema insensibilidade lado a lado.
Horas e horas poderiam ser utilizadas para a discussão desses corpos aparentemente dissociados, porém eles estão tão imbricados na corporiedade como várias outras formas corporais. Nós urdimos e tecemos esse corpo, não temos uma linha, apenas um novelo e um modo de tecer, somos uma pluralidade de fios entrelaçados, que podem desfiar ou engrossar em alguns pontos da história.
Claro que é difícil imaginar um ser cibernético na Antiguidade, na Idade Média ou mesmo nos início da Idade Moderna. O Cyberespaço só costuma a ser pensado depois que inventamos o computador e a internet, porém o imaginário humano era recheado pelo ideário de um espaço de circulação de informações, pessoas, conhecimentos. A Biblioteca de Babel do argentino Jorge Luis Borges é um exemplo literário do homem em imaginar um espaço de fluxos de conhecimento e saberes.
As fantasias do cybercampo estavam começando a ser exploradas, e o imaginário explode numa finidade que se multiplica a cada segundo, o conhecimento, o saber, o sensível e a vida vem entrando numa dimensão praticamente sem volta. O Campo de experimentações se avoluma tanto que para permanecermos insensíveis às mudanças, somente isolados do mundo, e isto é uma força tremenda que é gasta para se afastar.
Várias barreiras são quebradas nesse mundo, o limite entre nossas personalidades humanas e a interface do Orkut, Twitter e outros sites de relacionamentos praticamente desmoronam, o paradigma público-privado também sofre altas transformações. E este é um novo mundo que passa a ser sensível para nossos olhos, nossos ossos, nossa pele.
Tal como a realidade psíquica tem sua dificuldade de encontrar um fato imutável que encontre um porto seguro que chegue a dizer isto é a Verdade, isto é o Real, a realidade cybernética apesar de ampliar nosso sensível, que eu ouso dizer de um devir-bits, um devir-telemático, ela tem suas dificuldades, seus problemas, pois ela também é tão variável e frágil quanto a psique.
Uma cyberpsique estaria aflorando nos dias atuais? Haverá um fluxo daquela subjetividade íntima com estes relâmpagos estrondosos do cybercampo?
Entre os mais jovens já percebemos uma fusão daqueles nossos corpos com os instrumentos da telemática: computadores, celulares, iphones, ipods, e seus universos, a internet, sites de relacionamento, blogs e fotologs. A velocidade desses jovens é supersônica, o que levamos horas para aprender, em dois cliques eles conseguem alcançar a resposta.
Nossos corpos são cheios de neurônios, vasos, orgãos, e os corpos desses jovens vêm carregados de chips e fibras óticas, seu sensível consegue se estender até o outro lado do mundo em busca de novas experiências, experiências virtuais tão reais quanto qualquer outra, porém essa longa distância de seu sensível poderia torná-los um sujeito longe-de-si? Eles têm um mundo gigante a ser explorado, mas será que esse mundo não lhe permitirá mais conhecer o mundo que está em sua vizinhança? Ou mesmo aquele mundo que muitos chamamos de sala e de família?

E não sei quanto a vocês, mas agora o único mundo que quero ver, mesmo nesse frio, é minha loba predileta =D
Abraços a todos!

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