terça-feira, 14 de outubro de 2008

Silêncio

Caiu a noite, esperava que fosse estrelada mas as nuvens escondem esses vaga-lumes da noite
Só que vejo a lua cheia, tão bela... em um tom dourado
nesse instante, eu me senti silenciado , me senti possuído
minha mente ficou vazia e minhas emoções se acalmaram
e senti o silêncio daquela lua, tão longe, mas tão longe de nós, invadir-me
se pudesse ficava lá sentado, só curtindo essa mãezona dos céus
e nesse completo silêncio, eu me senti bem!
não sei como consegui, pois do modo que a gente vive, nessa sociedade pós-pós-moderna,
arranjar um tempo pro silêncio é considerado perca de tempo
o que nos é dito é para produzir incessantemente, não há tempo pra parar
a vida é curta, então temos que fazer mais e mais coisas para aproveita-la melhor
mas parece que assim a vida encurta!
você fica tão atribulado de tarefas, de deveres e de obrigações e não vê o tempo passar
quando você percebe, você andou tanto nessa corrente que depois de muito tempo,
de muitos andares do relógio você se pergunta o que aconteceu com minha vida?
nós ficamos cheios de "fiz", eu fiz faculdade, eu fiz muitos colegas, eu fiz um bom trabalho
fiz, fiz e fiz! Mas por acaso você sentiu o que você fez, você sente o que faz agora?
Parece que a gente consegue ocupar nossa vida, mas aproveitar só poucos
afinal, quem consegue aproveitar o que se tem quando seu olho está nos bens do outro?
qual o problema da inveja? ela te estagna na vida dos outros, você deixa de viver sua vida
a custo de que? Um barulho incessante, vozes daqui e acolá, dizendo que nada está bom
o tráfego da mente é infernal e o coração é atacado por um turbilhão de emoções,
você perde o foco, perde sua paz e passa a viver dos outros.
Vampiro, isso é o que você se torna, você consegue manter sua imagenzinha enfadonha,
mas a custo da vitalidade dos outros, e sem essa vitalidade você logo definha e desaparece.
Quem aqui segue caminhos originais? Quem aqui leva uma vida criativa?
Todos estamos presos a esse karma a quem chamamos conhecimento e sociedade,
eles nos são úteis, sim! Mas não come metas de vida, mas como instrumentos
a vida por si só existe, mas o que sabemos só existe porque a vida funda todas as bases
e nosso conhecimento é limitado pela vida que temos, pelo corpo que temos
que a percepção de um cão, de um homem e um inseto são muitíssimo diferentes
mas essas percepções se completam numa realidade ainda maior do que podemos pensar
e sinto nessa imensidão desconhecida o silêncio, uma sutileza sem igual
me sinto possuído por algo que está dentro de mim e não é nem cabeça, nem coração
uma alegria me invade, a vida torna-se uma celebração
os cães brincando no parque torna-se festa, as formigas em sua marcha, um musical
a vida torna-se arte objetiva e subjetiva, real e anti-real ao mesmo tempo
díficil de entender isso com a cabeça, mas a idéia não é tão absurda
vivemos falando de opostos, dos dualismos da vida, mas quanto mais nos aproximamos
mas vemos que tudo é feito de uma mesma coisa, os opostos são apenas ilusões
o que muda é a expressão de uma mesma energia, única e silenciosa
um silêncio que permeia a mim e me torna criador, contemplador
um silêncio que nutre minha vida

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