sábado, 23 de janeiro de 2010

Diagnósticos de uma vida contemporânea

O menino que é TDA/H...
A mulher que é obsessiva-compulsiva...
A vizinha neurótica...
O parente esquizofrênico...
Tudo é diagnóstico
Somos nosso próprio diagnóstico
Covardes até o túmulo
Buscai em palavras qualquer o sentido
E ria aquele diabo de asas negras
Rindo daquele covarde que da vida fugia
Entrava no mundo das palavras, dos grifos
E era soterrado pelas epígrafes
Raspava toda pele - criatura neurótica
E colava signos, nada mais que letras
Para que naquele lugar já nada sentisse
Somos covardes
Deserdamos pele, pêlos, tripas
Em troca dum punhado de papel
Não à toa que o diabo ri, que o animal ri,
Deus ri do medo do homem com tua obra
Este ser que tapa a cara para não ver
Odeia cheirar - e tudo que toca, toma cuidado
Vai que tira os jornais de teus ossos?
Como poderíamos viver?
Sem nosso diagnóstico cotidiano?
Pra saber quem somos precisamos de uma doença no espelho
Doença, eis nosso nome

Um comentário:

Anônimo disse...

o mais triste é quando encontramos aqueles que vivem além dos diagnósticos, mas o mundo insiste em freia-los.