terça-feira, 19 de outubro de 2010

Às soberanias, uma vírgula

Juro que tenho meditado não em torno da vida como aconselha um velho amigo,
menti, enganei-o, quando quem eu traí fora eu e não ele
fui abutre em busca de carniça,
já de pronto uma crítica venenosa na língua
e meu de fato inimigo, joguei-me na lama para que dançasse em cima de mim,
ou de meu cadáver
este cão sarnento, o olha sedento,
a carne viçando comida por teus olhos magros
eis o soberano a se debater, não mais um rei
um cão apenas,
mas como fantasma adentra nossas feridas, nossas rachaduras
aí se instala para pela dor contorcermos à tua boca
nossa ira nos torna coesos, falhados, fasados
e à espreita, ele dá os limites da coesão
bater com o cão, chutar o cão não adianta
não há adiante na violência
é preciso deixar as feridas, esgarçá-las ao ponto que o cão já não segura as pontas
despedaçar-se para que os últimos restos sarnentos já não tenham mais corpo para estar
tratá-lo não com um ponto final,
mas uma vírgula,
para descer em teu rabo,
e a história continuar,

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