quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Na fenda a vida crescia

Existências se fazem debaixo da ponte
se fazem em cima e aos lados
todos os poros, todos buracos
habitados por aqueles que esquecemos
habitados por aqueles invisíveis
cada fissura, uma história pulsa
um ritmo que não o nosso
mas pulsam, eles e nós
e nas batidas desregradas
um esboço de canção
um encontro, um estar só
para além dos ossos,
para além daquilo que lateja,
um timbre, uma voz
enfim, um sorriso


para os pessimistas, olhem! Há vida!
para os otimistas, olhem! Há trabalho!
há alegrias, mas também muitas tristezas
lágrimas por vidas que não mais
lembranças por vidas que não mais
e nesse momento, há que se convocar
os guardiões das memórias presentes

nem memórias pregressas ou póstumas
e sim memorias presentes
a memória do instante
lembrar a vida no instante
e não apenas seu
NÃO MAIS...

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