sábado, 26 de setembro de 2009

Nem lá nem cá

O primeiro grito

Autoriza!

Segue-se o segundo

Libera!

E um sugestivo terceiro...
Desaba


Três gritos que ecoam na mente de um homem,
variadas são as intensidades
e seus modos de afetação

O primeiro ato é estridente, gago
é algo que começa a tomar forma
dobrar-se e enclausurar-se

Primeiros marcos de sua formação
movimentação trôpega
a passos de hipopótamo
é a brutidão contra o corpo

Após tantas traves colocadas
o homem solta seu segundo grito
já não aguenta viver docilizado

Reage rumo animalidade
mas apenas racionalmente animal
o homem diz não ao não

Indícios de uma resistência
armada até os dentes
quebrando suas origens
em troca da liberação

Faz-se um vazio
o corpo esteve contra ele mesmo
e o incômodo surge

Entre o nada de conduta
e a disciplina do rebanho
resta um corpo em conflito

Sugestivo terceiro grito
não lá da platéia que se houve
pois não é de palavras que ele é feito
é corpo do artista que age

Em sua exaustão
o corpo desaba
e percebe o chão

Rasteja pela horizontalidade
e percebe-se num novo paradigma
não quer mais os céus ou o inferno

Outras direções surgem,
outras possibilidades,
além da disciplina e da liberação
na criação inerente do desaba.