O primeiro grito
Autoriza!
Segue-se o segundo
Libera!
E um sugestivo terceiro...
Desaba
Três gritos que ecoam na mente de um homem,
variadas são as intensidades
e seus modos de afetação
O primeiro ato é estridente, gago
é algo que começa a tomar forma
dobrar-se e enclausurar-se
Primeiros marcos de sua formação
movimentação trôpega
a passos de hipopótamo
é a brutidão contra o corpo
Após tantas traves colocadas
o homem solta seu segundo grito
já não aguenta viver docilizado
Reage rumo animalidade
mas apenas racionalmente animal
o homem diz não ao não
Indícios de uma resistência
armada até os dentes
quebrando suas origens
em troca da liberação
Faz-se um vazio
o corpo esteve contra ele mesmo
e o incômodo surge
Entre o nada de conduta
e a disciplina do rebanho
resta um corpo em conflito
Sugestivo terceiro grito
não lá da platéia que se houve
pois não é de palavras que ele é feito
é corpo do artista que age
Em sua exaustão
o corpo desaba
e percebe o chão
Rasteja pela horizontalidade
e percebe-se num novo paradigma
não quer mais os céus ou o inferno
Outras direções surgem,
outras possibilidades,
além da disciplina e da liberação
na criação inerente do desaba.
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Um comentário:
Desaba!
Sem mais...
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