segunda-feira, 7 de junho de 2010

Clandestinos

Fico a pensar diante de ti, o que te move? O que deseja, quais são seus planos?
Fico aqui, engessado, travado, só livre de imaginação.
Não, não sei da onde você veio, mas esteve aqui,e como num passe de mágica, se foi.
O encanto? A graça? Esses ficaram. A alegria persiste, resiste a um pé quebrado.
Quem foi, quem será? Que corpo foi esse? Não conheço a história, não a entendo.
Ainda bem que um amigo me disse: o entendimento é apenas uma das camadas.
Que bom existir além do sentido. Viver do sensível. Reverberar.
E ao chegar a ti, sei que já não sou o mesmo. Algo mudou. Um trincado no meu corpo.
E como bom operatório-concreto, o trincado não podia ser subjetivo. Tinha que ter corpo.
Corpo de uma alma em processo, em meio a quebras e rupturas, um desabrochar.
Sim, estou num casulo agora, e preciso de duas hastes para andar. Já não ando só.
Não sei quando andarei só mais uma vez, mas mesmo só, agora sei a quem contar.
Não foi um encontro, é um acontecimento. Sei, porque não parou.
Invasão de corpos. Luz. Som. Bebidas. Gesso. Muletas. Clandestinos de todas as partes.
Mas quem me tornou um clandestino de mim mesmo. Esse foi você...

Um comentário:

Rá disse...

quase uma poesia de tão bonito... é o pé quebrado mais filósofo que eu conheço =)